Artigo editado em: 29 de setembro de 2020
Nunca tivemos tantos candidatos a cargos eletivos em Rondônia e nem no Brasil. A política parece ser a alternativa escolhida por milhares de pessoas, certamente a maioria imaginando que, nela, ajeitará sua vida. O exemplo, claro, vem de cima: quem está no poder, tem o bom, o melhor, o sonho que se torna realidade. Aquelas lideranças, que renunciam a projetos pessoais e se doam à coletividade, são cada vez mais raras. Ainda as há, é claro, mas elas estão se tornando, cada vez mais, como o mico leão dourado: em extinção. Lamentavelmente a vida pública se tornou empobrecida. Não há mais grandes lideranças, não se ouve discursos que paravam o país; que encantavam, pela lucidez, pela beleza das palavras; pelas verdades. Obviamente que não se pode generalizar jamais, porque ainda há as exceções, todas dignas de aplausos e respeito. Mas, no geral, o Brasil tem mudado, para pior, também nesse quesito. Há cada vez mais aventureiros na política, cada vez mais “Mateus, Mateus, primeiro os meus!” e isso vale para todos os poderes e para todos os partidos. Não está na hora de nós, na condição de eleitores, começarmos a mudar também? Ou vamos continuar aceitando e escolhendo o amigo, o vizinho, o colega, o que deu um presentinho, o que nos abanou ou nos mandou um cartão de aniversário e para darmos nosso voto? É esse o tipo de político que vamos continuar contribuindo para eleger?
Em Rondônia, os números são impressionantes. Teremos, nos 52 municípios, nada menos do que 5.790 candidatos. Serão 208 a Prefeito; 208 Vice Prefeito; quase 5.370 nomes que disputam cadeiras às Câmaras Municipais. Só em Porto Velho são 15 candidatos a Prefeito e outros 15 a vice. Eram 16, mas, na última hora, o PDT abriu mão de lançar o advogado Rui Parra Motta, para apoiar o representante do Cidadania, Vinicius Miguel. Teremos também 657 nomes para Câmara. Ou seja, para cada uma das 21 cadeiras, a Capital terá 31 candidatos. Já em relação ao recorde de candidatos à Prefeitura da Capital, pode-se comparar, por exemplo, com o Rio de Janeiro, com um eleitorado de quase 5 milhões, mais de dez vezes o a população de Porto Velho, terá 14 candidatos. Então, observa-se o fenômeno de grande quantidade para pouca qualidade. Mais que nunca, o eleitor terá que garimpar, para escolher uma Câmara que possa realmente representar uma cidade que se destaca na região, como uma das que mais crescem e mais se desenvolvem, mas, ao mesmo tempo, é das que tem cada vez mais deficiências nos serviços públicos e pior qualidade de vida. Sem políticos que amem sua cidade, que tenham espírito de doação à coletividade, que façam, que cobrem, que fiscalizem e berrem pela população, continuaremos perguntando: pra que mesmo servem tantas eleições?
O vereador Affonso Cândido, presidente da Câmara de Vereadores de Ji-Paraná, tinha decidido não participar da eleição deste ano. Não iria em busca da reeleição. O destino, contudo, bateu à sua porta. Com a prisão do prefeito Marcito Pinto, envolvido num escândalo de propinas, junto com outros prefeitos do interior, Affonsinho, como é chamado pelos amigos, foi cumprir com seu dever constitucional e, aos 30 anos, se transformou no mais jovem comandante da Prefeitura da sua cidade, em toda a história. A decisão, a princípio, era apenas cumprir os pouco mais de 90 dias de mandato, até que, em janeiro, assumisse o novo prefeito, a ser eleito em 15 de novembro. Mas, novamente, tudo deve mudar. Affonso Cândido começou a ser pressionado por lideranças políticas de vários partidos, com vozes poderosas, como os senadores Marcos Rogério, presidente regional do DEM, partido do jovem prefeito interino, para que ele aceite substituir Marcito na chapa formada com o apoio de uma dezena de siglas. Affonso Cândido deve, ao que tudo indica, aceitar a missão de concorrer à reeleição na Prefeitura, onde ficaria, inicialmente, por apenas três meses. Agora, só falta Affonso mudar todos os seus planos de deixar a política e voltar a ela, como postulante a um mandato de quatro anos. E falta, é claro, combinar com o eleitor. As pesquisas, por enquanto, dão vantagem ao jovem deputado Johnny Paixão, principal representante da oposição ao atual governo municipal. O emedebista Isaú Fonseca também é um dos nomes muito fortes na disputa.
Já a situação em Cacoal é bem diferente, pelo menos o era até a noite desta terça. Com a prisão da prefeita Glaucione Rodrigues, também afastada de suas funções por 180 dias, pela Justiça, não há vice para assumir. O deputado estadual Cirone Deiró, eleito na chapa de Glaucione, automaticamente renunciou ao cargo municipal, quando assumiu seu posto na Assembleia, há quase dois anos. O presidente da Câmara, Valdomiro Corá, deve ser candidato à reeleição e, portanto, não assumiria a Prefeitura por três meses. A tendência, segundo fontes bem informadas, que acompanham o assunto de perto, é que seja nomeado um Magistrado da Justiça estadual para concluir o mandato e dar posse ao eleito em novembro. Por enquanto tudo é ilação. Para substituir Glaucione na chapa que já estava formada, numa aliança de vários partidos, poderá ser confirmado o nome de Marcos Vasques, que hoje é secretário de Saúde de Ji-Paraná, mas personagem importante na política de Cacoal. Por enquanto, sem a Prefeita presa, o principal concorrente é o jovem deputado estadual Adailton Fúria. Glaucione, Marcito Pinto, Luizão do Trento, de Rolim de Moura e a prefeita Lebrinha, de São Francisco do Guaporé, foram presos na semana passada, numa operação conjunta da Polícia Federal e Ministério Público. Todos são acusados de achacarem um empresário, em troca de propina.
FILAS E RISCO: A TRISTE SINA DOS BRASILEIROS POBRES
Um pouco de dinheiro ou risco de morte? Para milhares de brasileiros pobres, que dependem do auxílio emergencial do governo federal, a resposta é simples: arriscar-se pelos 300 reais. Não há outra saída. Por isso, nas agências da Caixa Federal por todo o País, por toda a Rondônia e, especialmente em Porto Velho, tornam-se grande risco de infecção pelo coronavírus, na desesperada alternativa de receber seu dinheiro, que parece pouco, mas que, para milhões de pessoas nesse país, é muito. Filas enormes nas agências da Caixa da Capital se formavam na manhã da terça-feira. Na avenida Carlos Gomes, a fila começava na frente do prédio, ia até a esquina, dobrava em direção ao antigo Palácio do Governo. Aglomeração perigosa para centenas de pessoas. Sem distanciamento, algumas sem máscaras, todos correndo enorme risco de contágio do vírus. Infelizmente, para toda essa gente, a escolha é sobreviver, mesmo no meio da pandemia.
JAPONÊS E ROSANI SE ENFRENTAM DE NOVO NAS URNAS
Com o apoio do deputado Luizinho Goebel, hoje uma das principais lideranças políticas do Cone Sul (senão a maior), o prefeito Eduardo Japonês, do Partido Verde, busca seu segundo mandato. Ele foi eleito para completar o período de administração, depois que a então prefeita, Rosani Donadon, foi cassada pela Justiça Eleitoral. Rosane, aliás, será novamente a mais forte concorrente de Japonês, já que representa um dos clãs políticos ainda poderosos na região, os Donadon. Embora não haja pesquisas oficiais, mas apenas as eventualmente realizadas internamente pelos partidos, a tendência é que esses dois sejam mesmo os dois nomes com chances reais de comandar a cidade, a partir de 2021, por quatro anos. Há pelo menos três novos candidatos que podem surpreender. O Podemos, liderado em Rondônia pelo deputado federal Léo Moraes, lançou o nome do servidor público Coronel Rildo. O PSB, liderado em Rondônia pelo ex governador Daniel Pereira, apresenta a candidatura do professor Miguel Câmara Novaes. E o Republicanos, presidido por Lindomar Garçon, vem com o empresário Paulo Sérgio Rodrigues, conhecido como Paulinho da Argamazon. Numa campanha curta, sem grandes contatos com o eleitorado, os nomes mais conhecidos, teoricamente, sempre têm vantagem. Mas, a prudência ensina que jamais se deve considerar que o jogo está jogado, quanto se trata de eleição.
DADO O PONTAPÉ INICIAL PELA MINERAÇÁO BRASILEIRA
Não se sabe ainda se o Programa Mineração e Desenvolvimento (PMD), lançado no início da semana pelo governo, vai servir mesmo para alguma coisa. Mas já é um começo na batalha por mexer nesse tema, que há anos tem sido relegado a um terceiríssimo plano por questões ideológicas, principalmente relacionadas com as questões ambientais e com nenhuma preocupação com a exploração de nossas riquezas minerais por nós mesmos. E não por contrabandistas, que nos levam, apenas usando um exemplo: só nos diamantes que nos roubam em Rondônia, perdemos algo em torno de 100 milhões de reais todos os meses. O presidente Jair Bolsonaro, no lançamento do PMD (que mais parece sigla de partido político) , enfatizaram a necessidade de termos um sistema moderno, nesse setor, à altura das necessidades do País, já que, segundo comunicado oficial, “A mineração, portanto, é mais que essencial, ela é imprescindível para o Brasil e para o mundo”, chegou a afirmar o ministro Bento Albuquerque, na cerimônia de lançamento do programa. Não há ainda detalhes do programa, mas obviamente, como todas as mudanças profundas que o atual governo tenta fazer em áreas importantes do país, ela será bombardeada pela oposição, pelos grandes interesses internacionais e pelas ONGs que defendem organizações estrangeiras no país. Mas já é, ao menos, um começo para analisar a situação sob um novo prisma: os dos interesses maiores do nosso País.
ESTÁ NA HORA DE PRIORIZAR OS INTERESSES NACIONAIS
A questão das imensas perdas dos nossos minérios, principalmente na região amazônica, comprovam que a atual legislação está absurdamente errada. Ela pretende impedir a destruição ambiental e não proíbe. Ela aceita que os índios morram de fome, mesmo sentados em minas bilionárias e acaba facilitando a vida de caciques corruptos, que se aliam a contrabandistas. Juntos, ajudam a levar milhões de dólares em minérios para fora do país, sem qualquer benefício por aqui. Só o que fazemos é enriquecer estrangeiros malandros e brasileiros corruptos. Recentemente, aliás, a Polícia Federal fez mais uma operação nos garimpos de Roosevelt e prendeu dois caciques. Nada acontecerá com eles. E tudo o que eles facilitaram para nós fôssemos roubados, continuará perdido. Não há solução lógica, sem a fiscalização dura e direta do governo federal nos garimpos, controlando as questões ambientais e arrecadando, na hora, em impostos, parte do que for retirado da terra. Temos diamantes, ouro, nióbio e outras riquezas em abundância. Está na hora disso tudo ser revertido em benefício do Brasil e não de criminosos.
DELEGADO ARISMAR SÓ PODE PERDER PARA ELE MESMO
Arismar Araújo é um caso raro na política nacional. Por que? Porque ele só pode perder a eleição, em Pimenta Bueno, para um candidato: ele mesmo. Somente não será eleito se não conseguir ao menos metade dos votos válidos e, 15 de novembro. É bom lembrar que, segundo a legislação, votos nulos e brancos não entram na contagem. Pimenta Bueno dever ser um dos raros municípios brasileiros, entre os 5.570, que têm apenas uma candidatura registrada. O Delegado Araújo lidera uma coligação de sete partidos, incluindo o seu, o Patriota: Republicanos, PSL, PSB, , DEM, PMN e PSDB. Pimenta Bueno, aliás, tem um histórico diferente quanto de trata de eleições. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral, a cidade conta, aptos para votar nessa eleição de novembro, um total de 24.066 eleitores. Qual a surpresa nesse número? É que na eleição passada, há apenas 12 anos, havia 26.899 registros eleitorais. Perdeu, portanto, a cidade, que hoje tem em torno de 35 mil habitantes, um total de 2.833 eleitores. Nem a família Mendonça, que teve um deputado estadual – Kaká e um prefeito Jean – participa da eleição.
SETEMBRO: MAIS 10 MIL CONTAMINADOS E MAIS 196 MORTOS
O mês de setembro termina com números ainda altos, relacionados ao coronavírus, mas com queda tanto no total de contaminados quanto de óbitos. No dia 1º de setembro, por exemplo, no Boletim 167 da Secretaria de Saúde, tínhamos 55.768 casos de contaminação; 46.883 recuperados (83,98 por cento); 1.155 mortos. O número de pessoas internadas era de 361 pacientes, nas redes pública e privada. Na terça-feira, final do mês, há informações que animam, mas, é claro, a perda de vidas continua sendo um drama terrível. O Boletim 195, da terça-feira, deixa claro que, mesmo com os números totais em queda e o aumento de recuperados, ainda estamos enfrentando um vírus forte, destruidor, mortal. Compare os números: agora temos 65.673 casos (mais 9.905); 57.576 (87,7 por cento), ou seja, mais 10.693 recuperados. O pior de tudo: chegamos a 1.351 mortes. Nesse triste número, registraram-se, lamentavelmente, a mais 196 rondonienses que perdemos para a doença. Apenas nos últimos três dias, foram 20 óbitos. Mesmo com a força da pandemia caindo, aos poucos, é sempre lembrar que o risco está em todos os lugares. E que só estaremos mesmo seguros contra a Covid 19, quando surgirem uma ou mais vacinas, devidamente comprovadas, para impedir que a doença continue proliferando. Por enquanto, vamos manter todos os cuidados.
PERGUNTINHA
Teremos mais de 5.570 candidatos às Prefeituras e Câmaras Municipais em Rondônia. Você acha que com tanta gente, vai melhorar a qualidade dos nossos representantes?