Artigo editado em: 14 de dezembro de 2020
Há uma distância enorme sobre campanhas contra isso e contra aquilo e a realidade que se vê nesse Brasil, todos os dias. De um lado, a pura hipocrisia, que se tornou quase um artigo da Constituição, tal a forma como é usada a torto e a direito, para enganar a população. De outro, legislações pífias, quase sempre a favor de quem pratica algum tipo de delito. Tudo isso vai na contramão dos efusivos discursos que se ouve, vê e lê na mídia, todos os dias. Isso quando a própria mídia, quando protagonista, não faz ouvidos moucos e lava as mãos. Vamos explicar e dar exemplos concretos, para todo esse lamento. Um homem, respondendo por pelo menos cinco crimes de estupro, embora não tenha sido condenado até agora, foi absolvido pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, num caso rumoroso, que envolve ataques à dignidade das mulheres. O crime dele foi nojento e em público: o tarado, ejaculou em cima de uma mulher, dentro de um ônibus. A sentença não considerou o ato grave. Sentença exarada pelo TJ paulista, através do juiz José Eugenio do Amaral Souza Neto, considerou que não era necessária a manutenção da prisão do acusado. Para o magistrado, o crime se encaixa no artigo 61 da lei de contravenção penal – que é de 1941, ou seja, tem 79 anos – e diz que “importunar alguém em local público de modo ofensivo ao pudor e é considerado de menor potencial ofensivo”. Como combater o assédio, como defender as mulheres, como conter os assediadores e tarados, com decisões frágeis como essa? Há que, sempre, se respeitar as decisões judiciais e cumpri-las à risca. Mas não há o que impeça de que se discorde de casos como o do tarado do ônibus. Impune!
Mas a hipocrisia, a que torna a realidade cruel e dolorosa, é muito mais ampla. A impunidade jamais pode vencer, sob pena de darmos carta branca a todos os criminosos que se aproveitam das mulheres, como há milhares de casos todos os dias. Nesse caso, o triste evento ocorrido dentro da Rede Globo não pode ser ignorado. A emissora, que tem feito grandes campanhas (todas elogiáveis), em defesa das mulheres, contra as agressões, contra as mortes, contra o assédio, deu um péssimo exemplo ao país. Um dos seus diretores atacou sexualmente várias mulheres. Cinco delas trouxeram o caso a público, pelas redes sociais, porque dentro da Globo não tiveram espaço para fazê-lo. E a emissora, que poderia aproveitar o triste evento para mostrar ao público que o que ali ocorreu não é algo que ela aceite; que tomou as providências, que o que defende para fora, o faz também da porta para dentro, não o fez. Não dá para usar tanta hipocrisia, como se o público fosse idiota. Por isso, tantos protestos, nas redes sociais, contra casos como os da omissão da Globo e da decisão judicial que achou um crime menor, um ataque público contra uma mulher, dentro de um ônibus. Desse jeito, nunca vamos mudar a sociedade, em relação ao que devemos ter em termos de cuidado e proteção, com as mulheres brasileiras.
RECÉM AS URNAS FECHARAM E JÁ COMEÇOU NOVA CAMPANHA
Contra o que se lamenta e protesta, seguidamente, nesse espaço, está acontecendo novamente. E continuará assim, ad eternum, até que a classe política – leia-se principalmente o Congresso Nacional, mas não só ele – crie vergonha na cara e nos permita viver não só de eleições. Tem que sobrar um tempinho para se cuidar dos problemas das cidades, dos Estados, da Nação. Mal terminou uma eleição e os bastidores já se fervilham, com a próxima corrida às urnas, que será daqui a mais ou menos dois anos. Bolsonaro será ou não reeleito? Quem teria cacife popular para tirá-lo do poder? E Marcos Rocha, se manterá no governo ou um dos vários pré candidatos, que já estão em campanha aberta, poderá derrubá-lo da cadeira do Palácio Rio Madeira? Expedito Júnior vai concorrer de novo ao Governo ou preferirá buscar a única cadeira do Senado, que, também, só vagará em 24 meses? Dos atuais deputados federais, quem ficará, quem sairá? Num país onde a classe dominante decide que devemos, todos, viver apenas no entorno de eleições, começando outra quando uma termina, não há mais nada importante na pauta. Até quando vamos suportar isso?
COMEÇOU: SUCESSÃO ESTADUAL TEM VÁRIOS NOMES
A disputa pelo Palácio Rio Madeira deverá ser muito acirrada. O governador Marcos Rocha, que ainda está sem partido, vai trabalhar muito mais nesses dois anos que tem pela frente, para buscar sua reeleição. Ele conta, como um dos seus ases na manga, com o apoio total do presidente Bolsonaro, que poderá ser um grande cabo eleitoral, caso chegue a meados de 2022 com a mesma popularidade que tem hoje. Mas o senador do DEM, Marcos Rogério, já está em campanha. E vai lutar também pelo apoio de Bolsonaro, caso o Presidente possa confirmar que será mesmo um bom cabo eleitoral. Marcos tenta amarrar apoios de outros partidos, como o PSDB, onde terá, certamente, o aval do prefeito da Capital, Hildon Chaves, caso o próprio Hildon não decida concorrer ao Governo. Expedito Júnior ainda é uma incógnita. O que se ouve nos bastidores é que ele estaria pensando, caso a decisão fosse hoje, apenas no Senado. Outra incógnita é o empresário de Vilhena, Jaime Bagatoli, ex aliado de primeira hora de Rocha, hoje seu ferrenho adversário, que quer ser Governador. Bagatoli tem garantido que terá ele – e não Rocha ou Marcos Rogério – o apoio de Bolsonaro. Correndo por fora, embora nunca tenha falado no assunto, mesmo não se podendo ignorar sua popularidade em todo o Estado, surge o nome do presidente da Assembleia, Laerte Gomes. Dois anos antes, a sucessão está na pauta…
VEREADORES JÁ ESTÃO DE OLHO NA ASSEMBLEIA
É impressionante como funciona a cabeça dos políticos, mesmo os de início de carreira. Na Câmara de Porto Velho, por exemplo, que é um retrato em miniatura de como quem está no meio pensa (porque vale para todos os poderes em todos os estágios, entre os que dependem do voto popular para chegar ou se manter no poder), se tem um bom resumo da situação. Mal eleitos, membros da Câmara já montaram uma chapa independente, que se esfarelou pela rasteira da maioria, que passou para o lado que apoia o Executivo e, mais que isso, antes mesmo da posse para o novo mandato que começa dia 1º de janeiro, já há pelo menos meia dúzia de edis, entre novos e reeleitos, preparando-se para uma campanha à Assembleia Legislativa. A disputa será em outubro de 2024, lembremos. Entre os nomes que estão de olho numa cadeira do Parlamento estadual, desde agora, estariam os do Pastor Vanderlei Silva, o mais votado entre os mais de 610 candidatos á vereança neste ano. Também devem fazer parte da lista, o presidente já escolhido para novo mandato na Casa, Edwilson Negreiros e os vereadores Elis Regina, Aleks Palitot, Rai Ferreira e possivelmente o médico Macário Barros. E essa é apenas uma relação inicial. Vem mais gente por aí…
VACINAS: MUITO DISCURSO, NENHUMA DECISÃO
A corrida pelas vacinas continua. Infelizmente, sem um plano de ação conjunto, já que, em vários níveis do poder, cada qual quer chegar na frente, para ficar bem perante a população. É bom que se diga, contudo, que há muito discurso mas, até agora, nenhuma ação prática já que a Anvisa sequer recebeu pedido de registro de vacinas. Até a segunda-feira, contudo, além de mais uma interferência desnecessária e ridícula do STF, que através do ministro Lewandowski exigiu que o governo brasileiro apresentasse um calendário de vacinação, sem sequer alguma vacina já aprovada, nada de novo aconteceu. O jornal Folha de São Paulo, no final de semana, incluiu a situação de Rondônia na batalha para que também tenhamos por aqui a tão sonhada vacina para derrotar o coronavírus. A informação inclui a posição do governo do Estado e da Prefeitura de Porto Velho.
GOVERNO E PREFEITURA VÃO AGIR SEPARADOS
No resumo, a informação aponta para uma decisão do sistema de saúde estadual, que já determinou que será seguido o plano nacional de vacinação do governo federal. O governo Marcos Rocha garante que tem seringas, agulhas e estrutura para armazenar as vacinas, dentro do planejamento já feito. A notícia destaca ainda que o prefeito Hildon Chaves iniciou uma negociação com o Instituto Butantã, para compra de até 80 mil doses da vacina Coronavac, de origem chinesa. Aliás, Hildon, seu vice, Maurício Carvalho e a deputada federal Mariana Carvalho, que também são médicos, estiveram no Butantã e no Instituto Fio Cruz, no Rio de Janeiro, negociando a futura compra de vacinas. O que parece já definido é que não haverá qualquer projeto que possa significar uma soma de esforços entre os dois governos, para que seja feito um plano objetivo, beneficiando a toda a população. Esperemos que os esforços estaduais e municipais se unam, para imunizar a população o mais cedo possível.
QUAL GOVERNO E QUAL PAÍS QUE SE PREPAROU PARA A COVID?
Já são 70 milhões de contaminados pelo coronavírus no mundo todo. Acima de 50 milhões conseguiram vencer o vírus, embora agora, com maior intensidade, se noticie que ele pode voltar a infectar a mesma pessoa novamente. O número de mortos pela doença, no Planeta, já superou 1 milhão. No Brasil, já são mais de 182 mil mortes. O mais estanho nisso tudo é que pesquisa feita nesse final de semana, aponta que 32 por cento dos brasileiros considera o presidente Bolsonaro como um dos culpados por todas essas mortes e, para 8 por cento dos entrevistados, ele é o único culpado. Dos entrevistados, 52 por cento isentaram o chefe do governo brasileiro de qualquer culpa. É incrível algo assim. Tanto no Brasil quanto em vários países, governantes têm sido culpados, em pesquisas de opinião, pelos números trágicos da pandemia, como se algum deles pudesse fazer algo concreto para impedir tantas mortes. A pandemia pegou o mundo de calças na mão, sem saber como combatê-la. Graças à Medicina e à Ciência, milhões de vidas foram salvas e muitos outros milhões sobreviverão, graças às vacinas produzidas em tempo recorde. Não há governante que estivesse preparado para enfrentar tal terror. Imputar a qualquer deles essa culpa, é de uma injustiça atroz. Mas, cada um tem o direito de pensar o que quiser e transformar suas ideologias em opiniões da forma que acredita ser o correto. É a democracia!
PERGUNTINHA
Na sua opinião, o sistema de transporte coletivo em Porto Velho deve priorizar os ônibus, os táxis compartilhados, os mototáxis ou todos devem ser mantidos?