Artigo editado em: 8 de outubro de 2024
Foi zebra? Claro que não foi. Embora tenha feito mais de 111 mil votos, Mariana Carvalho vai para o segundo turno contra Léo Moraes, que alcançou surpreendentes 64 mil. O segundo turno, na verdade, se desenhava desde o início da campanha, quando ficou claro que apenas os dois teriam chances de chegar ao comando da Prefeitura. Surpresa mesmo ocorreu com a votação de Célio Lopes, da federação PDT/PT, que bateu perto dos 30 mil votos. Já a juíza aposentada Euma Tourinho, que muita gente apostava que ficaria logo atrás de Mariana e Léo, acabou no quarto lugar, com menos de 25 mil votos. Benedito Alves, um nome que surge na política rondoniense e pode alçar outros voos, sozinho e sem dinheiro do Fundo Eleitoral, bateu nos 12 mil votos. Ricardo Frota, sem espaço na propaganda eleitoral, sem dinheiro, sem ser conhecido, ainda assim teve mais de 4 mil votos, ficando na sexta posição. O lanterna foi Samuel Costa, muito mais por estar no partido de Marina Silva e ao lado do Psol, partido que a imensa maioria do eleitorado local tem ojeriza, do que por uma performance pessoal que não fosse positiva. Defender o governo Lula também o prejudicou, certamente. Foi uma eleição sem grandes problemas, mas lamentavelmente com mais de 26 por cento de abstenção, algo em torno de 90 mil eleitores que deixaram de comparecer às urnas. Os que não votaram, não têm direito de reclamar dos políticos, se lavam as mãos na hora em que podem decidir o futuro de sua cidade. Eles deveriam se espelhar no exemplo de uma idosa, de 72 anos que pediu uma ambulância e foi de maca voar, para exercer sua cidadania. Ela sim, pode cobrar dos eleitos…
E agora? A tendência é que Mariana entre na campanha do segundo turno com vantagem, até por ter conseguido eleger, na sua coligação, todos os 23 vereadores eleitos. Mas não se pode subestimar Léo Moraes. Praticamente sozinho, inclusive com dificuldade de conseguir um nome para vice na chapa, ele demonstrou que é muito bom de voto na sua cidade. A campanha começa do zero? Teoricamente sim, mas na prática a votação recorde de Mariana pode tender para ela o caminho da cadeira de Hildon Chaves. Léo vai usar toda a sua força, seus argumentos, seu discurso vigoroso. Mariana vem com tanta gente a apoiá-la, que ainda se mantém como favorita. Temos ainda o horário eleitoral gratuito, agora com tempo igual para os dois candidatos e os debates (o da SIC TV está agendado para 19, daqui a dois sábados) e provavelmente debates em outras emissoras. São apenas 18 dias de campanha, a contar desta quarta-feira. Dia 27, enfim, saberemos: Mariana Carvalho ou Léo Moraes, qual dos dois governará a maior cidade de Rondônia nos próximos quatro anos?
EFEITO BOLSONARO MUDA A ELEIÇÃO EM JI-PARANÁ E CONSEGUE ELEGER AFFONSO CÂNDIDO COM GRANDE VANTAGEM
Foi o Efeito Bolsonaro! A maior virada nas eleições municipais de Rondônia aconteceu em Ji-Paraná, onde o atual prefeito, Isau Fonseca, estava muito à frente de todas as pesquisas. Tudo mudou no dia 25 de setembro, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro aterrissou na cidade, para pedir votos para o deputado Affonso Cândido. A multidão que seguiu Bolsonaro em todos os eventos em que ele participou, deixou claro que os ventos estavam mudando. Isau reforçou sua campanha, com apoios importantes como os do governador Marcos Rocha e várias lideranças, mas não adiantou. O Efeito Bolsonaro mudou o voto de milhares de ji-paranaenses, que, ao final, elegeram o jovem deputado, defenestrando Isau, que parecia imbatível, do poder. Bolsonaro esteve na cidade acompanhado por dois senadores do PL, Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, que certamente também ajudaram a virar o quadro na segunda maior cidade do Estado. No final da apuração, Affonso Cândido teve 20 mil votos a mais do que Isau, entre os pouco mais de 70 mil que foram às urnas, dos 96 mil aptos a votar. Affonso Cândido surge como nova liderança no Estado. Sua administração tem a assinatura de Bolsonaro. Ele reverteu a eleição!
EMOÇÃO ATÉ O FINAL EM ARIQUEMES: CARLA REDANO FOI REELEITA COM APENAS 82 VOTOS A MAIS QUE SUA ADVERSÁRIA
Foi teste para cardíaco. Só quando foi anunciado o final da contagem dos votos, quando a última urna deu seu veredito, é que a prefeita Carla Redano, de Ariquemes, conseguiu respirar aliviada. Ela e todo o seu grupo sofreram até o fim, vencendo a eleição por apenas 82 votos. Ela teve 23.816 votos contra 23.734 de sua principal adversária, a empresária Marlei Mezzomo, que, na verdade, representava o principal opositor na cidade, o vereador cassado Rafael Fera, impedido de concorrer pela Justiça Eleitoral. Líder da campanha, Rafael mostrou que tem grande liderança na cidade, ajudando na expressiva votação de Marlei Mezzomo, que seria sua vice, caso a chapa que ele liderava tivesse podido concorrer. Mas Carla Redano, seu marido, o deputado estadual Alex Redano (que assume em janeiro, novamente, a presidência da Assembleia Legislativa), também tiveram uma grande vitória. A passagem do ex-presidente Bolsonaro por Ariquemes, ajudando na campanha de Carla, certamente também ajudou no resultado final. Há quem diga que a não reeleição da atual prefeita da cidade seria uma enorme injustiça, pela boa administração que comandou e pelos avanços da sua cidade. No final, mesmo por pouco votos, fez-se justiça.
UNIÃO BRASIL DE MARCOS ROCHA ELEGE MAIORIA DOS PREFEITOS NAS CIDADES RONDONIENSES, SEGUIDO DO PL E DO PSD
O competente jornalista Marcelo Freire, em seu site Valor & Mercado (www.valoremercadoro.com.br) fez um levantamento dos prefeitos eleitos no Estado, destacando a atuação do União Brasil, que conseguiu eleger 17 prefeitos e levou um 18º candidato (Mariana Carvalho) para o segundo turno em Porto Velho. Segundo o site, PL e PSD também elegeram mais representantes que as demais siglas. O União Brasil, partido do governador Marcos Rocha, que participou ativamente de várias campanhas, garantiu 17 prefeituras e disputa o segundo turno em Porto Velho com a candidata Mariana Carvalho. O PL, que recebeu a visita do ex-presidente Jair Bolsonaro, elegeu em Rondônia 12 prefeituras. Em terceiro lugar aparece o PSD, com seus prefeitos eleitos. “O União Brasil, PL e PSD saíram fortalecidos, consolidando sua presença no cenário político”, informa o site. Os três partidos elegeram o maior número de prefeitos em Rondônia. “Esses partidos obtiveram ganhos expressivos, seja em número de prefeituras e vereadores, e já começam a planejar suas estratégias para as próximas eleições de 2026”, diz o site. O União Brasil, presidido pelo chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves e que tem como principal nome o do governador Marcos Rocha, elegeu prefeitos em cidades importantes como Ariquemes (Carla Redano); Ouro Preto do Oeste (Alex Testoni) e Rolim de Moura (Aldo Júlio), entre várias outras.
DOS VEREADORES DA CAPITAL, 15 DOS 23 SÃO NOVATOS E APENAS OITO REPETEM O MANDATO
Apenas oito vereadores se reelegeram em Porto Velho. Um nono nome poderia ser acrescentado a este número, já que o eleito Gideão Negreiros entrou na campanha nos últimos 20 dias, substituindo o sempre campeão de votos, seu irmão Edwilson Negreiros, que não pode concorrer e conseguiu os votos que seriam de Edwilson. Foram reeleitos Márcio Pacele (o campeão de votos), Elis Regina (vice-campeã), Dr. Júnior Queiroz, Dr. Gilbert, Dr. Macário, Everaldo Fogaça, Edmilson Dourado e Wanoel Martins. Os novatos que chegam para o primeiro mandato são Thiago Tezzarri e Dr. Santana (ambos tiveram apoio explícito do prefeito Hildon Chaves; Pastor Evanildo, Marcos Combate, Adriano Gomes e Jeovane Ibiza, os quatro eleitos por partidos reunidos sob a liderança do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Cruz; Fernando Silva, Sofia Andrade, Adalto de Bandeirantes, Nilton Souza, Zé Paroca, Pastor Bruno Luciano, Adriano Gomes e o advogado Breno Mendes. São novas lideranças políticas surgindo na Capital. A grande renovação da Câmara Municipal demonstra que, na atual legislatura, foram poucos os componentes da Casa que fizeram um trabalho condizente com que esperavam seus eleitores.
MAIS UMA VEZ, ESQUERDA NÃO ELEGEU NENHUM PREFEITO NO ESTADO E NENHUM VEREADOR NA CAPITAL
O PSD é de esquerda? O prefeito reeleito com enorme votação em Cacoal, Adailton Fúria, é de esquerda? E Charles Gomes, de Alto Paraíso? E Ivair Fernandes, reeleito com 81 por cento dos votos em Monte Negro, também o é? Nenhum dos citados ou qualquer dos outros três prefeitos eleitos pelo partido em Rondônia defende teses de esquerda. Ou são conservadores ou são de direita. Encontraram no PSD o espaço para crescerem na política, o que não conseguiriam em outras siglas, já dominadas por outras lideranças e por ele se elegeram ou se mantiveram no poder. Na Câmara de Porto Velho, Wanoel Martins e Everaldo Fogaça são esquerdistas? Claro que não são. Aliás, se o fossem, não teriam sido eleitos. Por isso pode-se dizer com segurança: tanto na Capital como no interior, nenhum político da esquerda se elegeu. Em Porto Velho, por exemplo, o petista mais votado foi Israel Trindade, que teve apenas 1.186 votos. Todos os petistas que concorrem à Câmara, na Capital, somaram menos de 3.500 votos, o que mal daria para eleger um vereador. O único prefeito eleito com a participação do PT numa coligação foi o de Corumbiara. Leandro Vieira disputou sozinho e foi eleito quando caiu o primeiro voto na urna.
CANDIDATA DE CONFÚCIO À PREFEITURA EM ARIQUEMES FAZ MENOS VOTOS DO QUE VÁRIOS VEREADORES ELEITOS
Houve vitórias e houve derrotas. O MDB, por exemplo, encolheu no Estado. Venceu apenas quatro Prefeituras: Jaru, com Jeverson Lima; Cabixi, com Silvano de Almeida; Teixeirópolis, com Osmy Toledo e Vale do Anari, com Cleone Lima. A maior derrota foi, sem dúvida, a registrada em Ariquemes, cidade do maior líder do partido no Estado, o ex-governador e senador Confúcio Moura. Ali, a candidata apoiada por ele, a professora Agna Souza, teve pouco mais de 3 por cento dos votos, ou seja, de um total de 51 mil eleitores que compareceram às urnas, ele teve só 1.485, o que mal elegeria um vereador na cidade. Por exemplo, Agna fez bem menos votos do que a vereadora campão das urnas, Rafaela do Batista, que teve 1.987 votos. O MDB não elegeu um só vereador. Das cidades médias, a principal vitória emedebista foi em Jaru, cidade do deputado federal Lúcio Mosquini, presidente regional do partido. Lá Jeverson, que é vice do atual prefeito Joãozinho Gonçalves, ganhou com boa vantagem do adversário Patrick Faelbi, do PL. Em Porto Velho, o partido não consegue eleger um prefeito desde Jerônimo Santana. A candidata da sigla, a juíza aposentada Euma Tourinho, ficou em quarto lugar.
O FENÔMENO MARÇAL COMETE UM ERRO GRAVÍSSIMO E ACABA FORA DA DISPUTA EM SÃO PAULO
Ou amor ou ódio. O novo fenômeno da política brasileira, Pablo Marçal, que atrai sentimentos extremos a favor e contra, acabou ficando fora da disputa pela Prefeitura de São Paulo, a maior do país. Quem vai para a corrida final é o atual prefeito, Ricardo Nunes e o invasor de propriedades e comunista Guilherme Boulos, mais um que vai destruir a cidade, caso consiga vencer. O eleitorado paulista adora este tipo de gente. Marçal perdeu até porque foi ojerizado pela grande mídia, mas também por ter cometido um erro terrível: apresentou um atestado falso de que Boulos era viciado em cocaína. Foi trucidado por causa disso e o assunto pode causar a ele ainda muita dor de cabeça. Marçal conseguiu unir contra si a esquerda, o centro e a direta, já que até o governador paulista Tarcísio de Freitas e o ex-presidente Jair Bolsonaro se uniram contra ele. Os dois, agora, vão apoiar Ricardo Nunes contra Boulos, mas já avisaram que não precisam do apoio de Marçal, de quem preferem distância. A sucessão presidencial passa pelo resultado da eleição municipal em São Paulo e, portanto, tanto Lula quanto Tarcísio e Bolsonaro estão envolvidos até o pescoço na disputa.
PERGUNTINHA
Você que compareceu às urnas para exercer seu direito de cidadania e de escolha de quem vai lhe representar, conseguiu eleger seus candidatos, ficou para o segundo turno ou está decepcionado com a votação recebida por seus escolhidos?