Artigo editado em: 3 de setembro de 2022
Claro que não houve fogos, nem dança (a não ser em salas fechadas) e muito menos declarações públicas de regozijo e alegria incontrolada. Publicamente, nada disso aconteceu. Mas, em conversas privadas, em reuniões internas, em grupos de parceiros e assessores, houve grande comemoração, com risadas que se ouviu até em outros ambientes. A festa pela saída de Ivo Cassol da disputa pelo Governo rondoniense mereceu sim, até gritos de alegria, alguns menos contidos, outros mais. Todos os candidatos que estão na disputa sabiam que, com Cassol no jogo, a melhor chance que teriam era de ir a um segundo turno contra ele e, a partir daí, rezar para que o ex-governador e ex-senador cometesse algum erro grave, que pudesse beneficiar seu adversário, porque, senão, a chance de que ele, Cassol, vencesse o pleito, era enorme. De todos os concorrentes, certamente foi o candidato à reeleição Marcos Rocha o principal beneficiado. Pesquisa do Instituto Ipec, o novo nome do velho Ibope, apontava Rocha e Cassol empatados tecnicamente. Numa campanha muito curta, onde só um fato novo de grandeza anormal, poderia mudar alguma coisa radicalmente, era muito possível que os dois iriam para o turno decisivo. Agora, o eleitorado de Cassol provavelmente vai ser pulverizado, porque o voto no ex-governador, não é de oposição ao atual governo, em sua grande maioria. A pulverização destes votos beneficia a quem está na frente. E, ao menos pela pesquisa Ipec, feita há cerca de duas semanas, o atual governador está bem situado, embora, claro, mesmo numa campanha curta, tudo possa mudar rapidamente.
Até agora, a única declaração mais direta, ligada ao caso Cassol, foi feita pelo candidato Daniel Pereira, que lamentou a saída dele da disputa e ainda fez um sutil convite ao ex-candidato para que estivesse ao seu lado. Claro que Cassol não vai apoiar um candidato de esquerda, mas a gentileza certamente, foi positiva. É sempre bom repetir que nunca tivemos uma campanha ao governo tão gélida quanto a atual e o único feito realmente que trouxe um pouco de emoção a ela, embora com tristeza de parte dos cassolistas, foi exatamente a renúncia de Cassol. Há algum tempo atrás houve outro fato, mas que, mesmo importante, nada mexeu com a sonolenta (um sinônimo menos agressivo para modorrenta) campanha. Marcos Rogério ganhou na Justiça ação impedindo que Rocha usasse o nome de Bolsonaro como mote de campanha. Um dia depois, o próprio Bolsonaro gravou um vídeo desautorizando a medida e pedindo que todos os que queiram usar seu nome e sua foto na campanha que o façam. Dos dois lados (o grupo de Marcos Rogério e o de Marcos Rocha), implantou-se silêncio sepulcral sobre o assunto, como se ele não tivesse ocorrido. Parece que a única coisa que vai esquentar um pouco essa frieza, será a série de debates na TV, os mais importantes deles na SICTV/Record. Além disso, o que mais se pode esperar de uma campanha política que parece que não existe?
ROCHA, ROGÉRIO, LÉO E DANIEL: O QUARTETO PRINCIPAL NA DISPUTA USA A MÍDIA E AS REDES SOCIAIS PARA A CAMPANHA
Como vai a movimentação dos candidatos que ficaram na disputa? Marcos Rocha, assim como seus concorrentes, têm percorrido a mídia, falando do seu governo, das realizações e projetos para um eventual segundo mandato. Pisa em ovos para não atacar seus adversários e avisa o eleitorado para que não deem ouvidos a mentiras. Também tem andado pelas ruas, sendo bem recebido pelo povão. O Governador anda em alto astral e otimista, pelo que se vê e ouve em suas entrevistas e nas redes sociais, que têm utilizado em profusão. Também tem percorrido o interior, falando em obras que estão em andamento e as que serão feitas, caso ele seja reeleito.
Marcos Rogério tem dado destaque à uma série de reuniões com representantes de diferentes segmentos da sociedade. Usa muito as redes sociais, falando principalmente da sua atuação no Senado e na CPI do Circo (apelidada de CPI da Pandemia) e da sua ligação muito próxima ao presidente Bolsonaro. Tem concedido uma série de entrevistas, tanto em emissoras de rádio como TV e sites, falando da sua história e dos seus planos de governo, caso vença a eleição.
Léo Moraes segue o mesmo caminho, mas acrescente-se a isso uma grande movimentação da parte dele no interior do Estado, onde batalha arduamente para se tornar cada vez mais conhecido, Moraes tem a companhia, em todas as portas que bate, em suas visitas interioranas, do candidato ao Senado e ex-senador Expedito Júnior. Léo tem um eleitorado cativo e bastante grande na Capital, mas precisa melhorar a performance no interior.
Daniel Pereira é um nome importante, tem história, tem projetos. A grande dificuldade dele tem sido convencer o eleitorado que é a esquerda que tem as soluções para os problemas do Estado e que Lula é melhor que Bolsonaro. Missão difícil, num estado em que o atual presidente tem o dobro das intenções de votos do que Lula. Mas Daniel ainda espera crescer muito nesta campanha.
NANICOS TENTAM OCUPAR ESPAÇO, MAS ATÉ AGORA NÃO TROUXERAM NADA QUE POSSA TIRÁ-LOS DAS ÚLTIMAS COLOCAÇÕES
Pimenta de Rondônia é um personagem simpático, bem falante, cheio de amigos e respeitado. Na única pesquisa feita a partir do lançamento da campanha, apareceu com dois pontos percentuais, dentro da média que tem conquistado a cada eleição que participa. O problema de Pimenta é, contudo, aparentemente sem solução. Ele representa o PSOL, que nas grandes cidades como Rio, São Paulo, Belo Horizonte e algumas outras pouquíssimas, consegue eleger alguém. O PSOL não conseguiu, desde sua criação, eleger sequer um representante em Rondônia. Talvez tivesse chance, caso Pimenta aceitasse disputar uma cadeira na Câmara de Vereadores da Capital. Afora isso, em todas as eleições, ao menos até aqui, não tem saído das últimas colocações. Já o Comendador Valcleir Queiroz é uma espécie de Marina Silva. Ambos só aparecem em época de eleição. Ele representa o Agir, mais uma sigla nanica, que mudou de nome (era PTC) mas continuou do mesmo tamanho, ou seja, muito perto do zero. O Comendador é uma figura interessante, bem falante, animado e que tem projetos mirabolantes, como o da implantação do trem-bala entre Porto Velho e Vilhena. Afora isso, muito pouco mais…
FUNDO COMEÇA A CHEGAR E HORÁRIO ELEITORAL MUDA COM CASSOL FORA DO PÁREO
Parte do Fundo Eleitoral está chegando para os candidatos ao Governo e ao Senado. Para os que concorrem ao Palácio Rio Madeira/CPA, a metade dos 10 milhões que já chegaram, ficará com o candidato do Podemos, Léo Moraes. Ele terá cerca de 5 milhões para investir em sua campanha. O segundo será Marcos Rogério, com 3 milhões, seguido de Marcos Rocha, com algo em torno de 2 milhões e 200 mil reais. O valor destinado ao candidato Daniel Pereira não chegou e nem foi divulgado, ao menos até o sábado. Dos dois que representam os menores partidos, Pimenta de Rondônia, do PSOL, terá menos do que 300 mil reais e o Comendador Queiroz, até agora, também não colocou a mão no dinheiro, embora seu partido, o Agir, em nível nacional, tenha recebido nada menos do que 3 milhões e 100 mil reais do Fundo Eleitoral. Ainda em relação à campanha, com a saída de Ivo Cassol, seu tempo de rádio e TV, no horário eleitoral gratuito, será redistribuído proporcionalmente entre os seis candidatos que restaram na batalha.
HILDON FALA DE ASFALTO, RODOVIÁRIA E PRAÇA MADEIRA-MAMORÉ, ALGUMAS DAS GRANDES OBRAS PARA A CAPITAL
Muito asfalto. Muitas obras em andamento ao mesmo tempo, algumas mais adiantadas do que os organogramas originais determinavam; mais algumas, importantes, em fase final de projetos. Hildon Chaves, o comandante da Prefeitura de Porto Velho que quer entrar para a História como o melhor Prefeito que a Capital já teve, participou do programa Papo de Redação, na Rádio Parecis FM, nesta última sexta-feira, comentando o que está fazendo e respondendo a grande número de perguntas enviadas pelos ouvintes. Aos Dinossauros do Rádio e da TV (Everton Leoni, Jorge Peixoto, Beni Andrade e Sérgio Pires), Hildon falou sobre a transformação da sua cidade desde que assumiu, há quase seis anos. Anunciou também que os projetos para a nova Rodoviária estão em fase final e que a obra pode começar no princípio do ano que vem. O Prefeito disse que seu sonho é inaugurar o novo prédio, com toda a sua nova estrutura e dois andares, ainda na sua gestão. Sobre a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, falta pouco para a abertura dos portões da nova estrutura para a comunidade. Os permissionários serão escolhidos através de licitação e este é o último passo para que a obra seja considerada concluída. Faltará ainda o Museu, que só ficará pronto no ano que vem, numa parceria com a Santo Antônio Energia.
CNBB “PROGRESSISTA” USA LINGUAGEM DA ESQUERDA PARA FALAR SOBRE ELEIÇÕES, MAS TAMBÉM CONDENA A CORRUPÇÃO…
Não houve surpresa, no geral, em relação à torcida que faz pelo candidato da esquerda, Lula, nota da Conferência Nacional dos Bispos (CNBB), o braço esquerdista da Igreja Católica (ala que se denomina de Progressista!), em relação às eleições deste ano. Críticas diretas ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro, fazem parte do extenso documento, que utiliza o linguajar de campanha dos partidos que a entidade apoia (contra as armas, contra as “ameaças” à democracia; contra a disseminação de Fake News e outros fatos que o petismo e seus aliados tentam afirmar que só é utilizado pelo lado adversário. E por aí vai… O uso da religião na política (sabe-se bem a quem o texto é dirigido), também faz parte da carta dos bispos. A CNBB também “embarcou” em informações divulgadas pelos partidos de esquerda de que 60 milhões de brasileiros, ou seja quase 30 por cento de todos os habitantes do país, “vivem sob insegurança alimentar”! Mais ou menos o quadro em que Lula confessou que, quando Presidente, ia para o exterior mentir que tínhamos 35 milhões de crianças famintas, vivendo nas ruas. O documento, contudo, finalmente dá uma alfinetada nos seus aliados. Embora também sem citar nomes, a CNBB registra que “condena a corrupção no Brasil e defende a Lei da Ficha Limpa, que prevê que candidatos condenados em ações criminais por decisão colegiada de um grupo de juízes ou por decisão sem mais direito a recurso, fiquem inelegíveis. Mas, claro, há uma ressalva: “desde que transitado em julgado”. Faltou a frase “ou que seja descondenado por algum ministro do STF”.
JUSTIÇA ELEITORAL TIRA DINHEIRO DO FUNDO PARTIDÁRIO E PROÍBE ACIR GURGACZ NO HORÁRIO ELEITORAL GRATUÍTO
Outra personalidade da política rondoniense que está enfrentando problemas com a Justiça, para manter sua candidatura, é o senador Acir Gurgacz. Com chances reais de voltar ao Senado e manter a cadeira que ocupa há oito anos, Acir está concorrendo sub judice e, certamente por isso, não tem decolado na corrida pela única cadeira do Congresso Nacional. Embora ainda possa concorrer da decisão, o senador do PDT está proibido de usar recursos públicos na campanha (o que para ele não é problema), mas igualmente não pode participar da propaganda eleitoral gratuita, daí sim, tendo um prejuízo sério, porque perde a oportunidade de falar com o eleitor, enquanto os demais concorrentes podem fazê-lo. A decisão foi do desembargador Miguel Mônico Neto, do TRE rondoniense, atendendo a ação do Ministério Público Eleitoral. Tal qual Ivo Cassol, o empresário e senador Acir Gurgacz também concorre através de uma liminar. A que liberava Cassol foi derrotada por 10 votos a 1, no Supremo. O caso de Acir ainda não foi julgado.
JUSTIÇA ELEITORAL JÁ LIBEROU POUCO MAIS DE DEZ POR CENTO DOS NOMES QUE CONCORREM À ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Até a sexta-feira, apenas 44 dos 406 candidatos à Assembleia Legislativa já tinham tido seus nomes aprovados pelo TRE, para poderem disputar a eleição em 2 de outubro. Entre eles, apenas três, entre os que estão ocupando cadeiras no parlamento estadual. Todos os demais tendem a serem liberados em breve. O curioso é que, nesta relação dos já aprovados, há grande número de personagens muito pouco conhecidos, fora dos seus distritos eleitorais, se dá para se usar este termo. Na Capital, certamente não se ouviu falar na maioria deles, quase todos eles estreando na política. As candidaturas já aprovadas pela Justiça Eleitoral representam pouco mais de dez por cento de todos os que estão aspirando vagas à Assembleia, incluindo 21 dos atuais parlamentares. Tem candidatos certamente populares em suas cidades e regiões, mas, certamente, fora delas são totalmente desconhecidos. Vamos citar apenas alguns, como exemplo: André Brito Podador de Árvores, Anúbis Simões da Saúde, Bombeiro Gerenildo, Edson Leite da TV, Jabá Moreira, Marcão da Agricultura, Maria do Social, Passito, Pastora Cila e Pastora Janilce.
PERGUNTINHA
Se você pudesse falar diretamente com os candidatos ao Governo de Rondônia, qual seria a primeira e imediata medida que você exigiria, em benefício da população, caso tivesse este poder?