Artigo editado em: 22 de agosto de 2022
Placebo. Nos meios da política, é o que se comenta sobre a ação do PL, acatada pelo TRE, de que o governador Marcos Rocha não poderá usar, na campanha, o nome do presidente Bolsonaro. O arrazoado apresentado pelo escritório sob a liderança do competente advogado Richard Campanari (aliás, aliado de primeira hora de Marcos Rocha e que foi o presidente da Rongás, órgão do governo que ainda existe), informou na ação que o União Brasil tem candidato próprio à Presidência e é, declaradamente, de oposição a Bolsonaro. Verdade. Mas em Rondônia, em qualquer cantinho que se vá e onde se fale sobre política, sabe-se que não há como separar a ligação umbilical do atual governador rondoniense com o presidente da República. Rocha só entrou para a política por causa de Bolsonaro. Rocha aventurou-se numa disputa pelo Governo, quando era um personagem praticamente desconhecido no Estado, por estar sob o aval e as asas de Bolsonaro. Ganhou a eleição por isso. Governou até agora de mãos dadas com o Presidente. Agora, na campanha, não poderá dizer que tem o aval do seu parceiro de primeira hora. E daí? Algum rondoniense que tenha o mínimo de informação, que não seja um alienado total, sabe que não há como separar nem Marcos Rocha, nem Marcos Rogério e nem Ivo Cassol, das suas profundas ligações com o bolsonarismo. Os três, cada um do seu jeito, estão ligados umbilicalmente ao Planalto e ao seu ocupante. O resto tudo é perda de tempo e criação de factoide. Um dia depois da decisão do TRE, os apoiadores de Rocha divulgaram vídeo com o próprio Presidente autorizando o uso do seu nome por todos os candidatos em Rondônia. Enfim, estamos na fase da campanha onde o importante é o factoide. Propostas e debates de alto nível que é bom, ao menos até agora, muito pouco!
Enquanto isso, no mesmo raciocínio, se poderia dizer que o apoio do MDB à campanha de reeleição de Rocha poderia estar em risco, caso haja alguma ação na Justiça Eleitoral. Tanto quanto o União Brasil, o MDB tem candidatura própria (Simone Tebet), de forte oposição a Bolsonaro. O MDB decidiu, em convenção, apoiar Rocha e seu principal líder no Estado, o presidente regional e deputado federal Lúcio Mosquini, está aliado a Bolsonaro. Líder da bancada federal de Rondônia, Mosquini também é parceiro do Presidente, como seu vice-líder na Câmara Federal. Ao contrário do partido comandado pelo atual Governador rondoniense, o MDB está rachado, com outro grupo de lideranças, à frente o senador e ex-governador Confúcio Moura, fazendo forte oposição, em nível local a Rocha e em nível nacional a Bolsonaro. Mosquini mantém maioria folgada no diretório, com apoio de nomes poderosos, como os de Valdir e Marinha Raupp, mas a divisão do emedebismo rondoniense torna-se cada vez mais acentuada, como, aliás, tem ocorrido nas últimas eleições. Em 2018, por exemplo, a última convenção presencial acabou até em agressão. Por enquanto, não há notícia de alguma ação na Justiça Eleitoral contra as decisões tomadas pelo MDB de Rondônia.
MUITO MAIS QUE UMA ENTREVISTA, A SEGUNDA-FEIRA À NOITE TROUXE NOVO CONFRONTO ENTRE BOLSONARO E O JORNALISMO DA GLOBO
A entrevista do presidente Jair Bolsonaro na TV Globo, na noite desta segunda-feira, abrindo a série no Jornal Nacional, que já foi o maior jornalístico da TV brasileira, mas que arualmente despenca em audiência, recuperou os números excelentes da emissora no horário. Como se esperava, repetiu-se a famosa entrevista de 2018, quando Bolsonaro respondeu à altura os ataques (não perguntas, mas afrontas, se dizia à época), até rememorar o grande apoio do empresário Roberto Marinho ao que a Globo hoje chama de Golpe Militar de 64. Foi um bombardeio de perguntas, algumas agressivas, enquanto o Presidente que concorre à reeleição respondia à altura, ora com agressividade, ora mantendo um nível menor de ataques. O jornalismo global é mote de duríssimas críticas dos bolsonaristas, que pelas redes sociais conclamaram a que os simpatizantes do Presidente acompanhassem em peso da sabatina, mas que, logo que ela terminasse, trocassem de canal, mantendo um forte boicote à maior e mais importante emissora do país. A reeleição de Bolsonaro, aliás, pode significar o fim do maior conglomerado da TV latino americana de todos os tempos: a renovação da outorga da emissora terminar em outubro e há sinais de que ela pode não ser concedida. O confronto da segunda à noite, portanto, não poderia ter sido diferente. Entrevistado e entrevistadores, como se esperava, se portaram como adversários. Em breve se saberá se o resultado da entrevista melhorou ou piorou a situação de Bolsonaro perante o eleitorado. Nesta quinta, dia 25, o entrevistado será o ex-presidente Lula, único e principal adversário do atual Presidente.
CAMPANHA CHINFRIM: NADA FAZ A DISPUTA PELO GOVERNO DO ESTADO DAR SEQUER UMA ESQUENTADA
Na ciranda da campanha eleitoral, ainda recém começando e muito mais para gelada do que para qualquer outra coisa, os candidatos se mantém correndo atrás do eleitor em reuniões sem fim, tanto na Capital quanto no interior. Como o horário eleitoral começa só na sexta-feira desta semana, dia 26, ainda não se tem com clareza qual será o tom que os concorrentes ao Palácio Rio Madeira/CPA darão aos seus pronunciamentos. Por óbvio, todos os demais candidatos serão de oposição a Marcos Rocha, o detentor do cargo que quer permanecer nele. Nestes últimos dias, Rocha circulou intensamente por bairros da Capital e algumas cidades do interior. Marcos Rogério também não para. Percorre várias cidades, anda pela mídia, como todos os demais concorrentes e, ainda, tem mobilizado sua assessoria jurídica, para contestar, por exemplo, o uso do nome de Bolsonaro na campanha de Rocha. Léo Moraes anda de voo em voo, ao lado de Expedito Júnior, revezando-se em ações, reuniões e gravações para as redes sociais, em Porto Velho e várias cidades rondonienses. Nesta semana, muito bem humorado, brincou com o frio que passou em Colorado do Oeste. Ivo Cassol e todo o seu poderia eleitoral se movimentam também, neste momento mais na mídia, reafirmando sua candidatura e anunciando projetos que pretende implementar. Daniel Pereira, o único candidato da esquerda, movimenta-se na Capital e no interior. Tem o apoio de nomes importantes da chamada Frente Popular e reforçou, neste final de semana, sua parceria com o senador Acir Gurgacz, que voltou a ser o candidato do grupo à reeleição. Pimenta de Rondônia e o Comendador Queiroz estão terminando de montar suas esquipes e gravam para o horário eleitoral gratuito. Campanhazinha chinfrim essa de Rondônia, até agora!
HILDON SE TRANSFORMA EM CABO ELEITORAL DE LUXO E USA REDES SOCIAIS PARA PEDIR VOTOS
De corpo e alma. Envolvido totalmente na campanha eleitoral, o prefeito Hildon Chaves tem percorrido não só sua cidade, onde mantém todos os programas de ação de seu governo, mas também em visitas ao interior, se transformando num cabo eleitoral de luxo dos candidatos que está apoiando. Neste final de semana, pelas redes sociais, o Prefeito pediu abertamente votos para todos os seus candidatos: Marcos Rocha ao Governo; Mariana Carvalho para o Senado; Maurício Carvalho para a Câmara Federal e a primeira dama, sua esposa Ieda Chaves, que ele quer ver eleita deputada estadual. “As pessoas me pedem asfalto, obras, escolas e etecétera, mas agora sou eu quem pede o voto de confiança para meus candidatos”, escreveu em uma das publicações, citando nominalmente aqueles a quem quer ver eleitos. Certamente Hildon Chaves é um poderoso catalisador de votos. Com uma administração recheada de obras e avanços, seu apoio foi disputado por vários candidatos. Durante meses, ele chegou a ser citado como um dos nomes mais viáveis para a disputa ao Governo. Fechou uma parceria política, administrativa e financeira (o Estado está investindo mais de 220 milhões de reais na Capital), com Marcos Rocha e decidiu concluir seus quatro anos do segundo mandato. Agora, transformou-se em cabo eleitoral de luxo e foi à luta Em outubro, se saberá qual o resultado do esforço que tem feito.
QUAL SERÁ O ÍNDICE DE RENOVAÇÃO NA ASSEMBLEIA? ATUAIS DEPUTADOS QUEREM NOVO MANDATO
A fase quente da disputa eleitoral, que ainda não chegou ao Governo, já chegou com toda a força na corrida pelas cadeiras da Assembleia Legislativa rondoniense. Como está a situação dos atuais deputados estaduais e quais as reais chances de chegarem à reeleição? A primeira pergunta é fácil de responder. A segunda é impossível. Nada menos do que 406 rondonienses querem ocupar uma das 24 cadeiras da Assembleia Legislativa, 17 candidatos para cada vaga. Será uma disputa acirrada. Alguns apostam que a renovação no parlamento será muito alta, outros acham que, com os bons resultados obtidos na atual legislatura, há chance de muitos dos atuais deputados conquistarem mais um mandato. Dos atuais deputados, apenas três não entram na corrida pela reeleição. O Pastor Alex Silva abriu espaço para outro nome, o Pastor Ivanildo Santos, indicado pela Igreja Universal para a disputa. Dois atuais membros Da ALE, ambos reeleitos, um deles no quinto mandato (Lebrão) mais também Anderson Pereira, reeleito. Os dois estão na corrida eleitoral, embora, neste ano, concorrendo à Câmara Federal. Todos os demais estão na disputa estadual. A maioria dos parlamentares representa cidades e regiões do interior, mas oito dos que querem voltar em 2023 representam principalmente Porto Velho. Os oito nomes que representam mais a Capital do que outras regiões do Estado são Alan Queiroz, Chiquinho da Emater, Eyder Brasil, Jesuíno Boabaid, Marcelo Cruz, Ribamar Araújo, Jair Montes e Jean Oliveira.
OITO DOS DEZ MAIS VOTADOS NA ELEIÇÃO DE 2018, VIERAM DE CIDADES E REGIÕES DO INTERIOR DE RONDÔNIA
Vêm do interior rondoniense alguns dos políticos que podem ser considerados de grande possibilidade de retornarem a uma cadeira do Legislativo. Alguns são campeões de votos. Retornarão? Claro que jamais se saberá a resposta a esse questionamento, antes da abertura das urnas em 2 de outubro deste ano, quando a noite se aproximar. Mas não se pode ignorar a força eleitoral de nomes como Alex Redano, Laerte Gomes, Ismael Crispin, Luizinho Goebel, Adelino Follador, Cássia Muleta, Cirone Deiró, Dr. Neidson, Ezequiel Neiva, Lazinho da Fetagro, Johnny Paixão, Rosângela Donadon e Jean Mendonça? Para se ter ideia da força política do interior, na última eleição, dos dez parlamentares mais votados, oito vieram de cidades das mais diferentes regiões rondonienses. Apenas dois estavam entre esta dezena de deputados eleitos com maiores votações. Em 2018, o campeão de votos foi, Eurípedes Lebrão (que disputa uma cadeira federal neste 2022, com 20.357 votos. Jean Oliveira foi o segundo, com 17.823, representando principalmente a Capital. Luizinho Goebel (16.999); Laerte Gomes (16.999); Lazinho da Fetragro (16.984); Alex Redano (14.908 votos); Cabo Johnny, com 13.233; Adelino Follador, 12.981; Adailton fúria hoje prefeito de Cacoal, com 12.890 e Edson Martins, com 12.859, foram os dez que receberam maior votação, na última eleição para a ALE. Quem desse grupo todo terá oportunidade de mais um mandato?
DESEMBARGADOR SE APOSENTA EM PROTESTO A “DISCURSO DE GUERRA” DE ALEXANDRE DE MORAES. JÁ PENSOU SE A MODA PEGA?
Tem razão ou exagerou na dose o desembargador Sebastião Coelho da Silva, magistrado há mais de 30 anos e atual vice-presidente, mas também corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, que está deixando a vida ativa da toga e se aposentando, em protesto contra o ministro do STF e novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, TSE, Alexandre de Moraes? O assunto surgiu nas redes sociais na semana passada e viralizou, com milhares e milhares de acessos, num vídeo em que o Magistrado anuncia sua decisão, por não concordar com as atitudes do ministro dos tribunais superiores e, mais que tudo, por ter feito, segundo Coelho dfa Silva, um discurso que é !”uma verdadeira declaração de guerra ao Brasil”, em sua posse no comando do TSE. O magistrado de Brasília considerou que Alexandre de Moraes falou em guerra, ao invés de buscar a pacificação, num encontro em que esteve presente o atual presidente Jair Bolsonaro e os ex-presidentes José Sarney, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. O desembargador agora pronto para a aposentadoria, afirmou ainda que nos seus últimos dias de atividade, cumprirá rigorosamente todas as leis, “mas jamais o discurso do Ministro, seja ele em posse, seja em Twitter, seja ele em redes sócias”. Já pensou se a moda pega e os magistrados que já não aguentam mais o espírito de Xerife (como o chamou seu ex-colega de STF, ministro Marco Aurélio de Mello, decidirem partir para um protesto país afora? Alexandre de Moraes não comentou a decisão do desembargador brasiliense.
O QUE O RONDONIENSE QUE PRESIDE O SENADO TEM A VER COM O FAMOSO PERSONAGEM ROLANDO LERO?
O rondoniense de nascimento Rodrigo Pacheco, senador por Minas Gerais e presidente da Casa, tem se tornado uma figura de complexa identidade na vida pública nacional. Ora parece estar ao lado do presidente Bolsonaro, dos seus projetos, das suas ideias e até em seus eventuais confrontos. No outro dia, senta-se com opositores e acena com a linguagem deles, como o que foi dito antes fosse apenas um engodo. Pacheco senta-se, por exemplo, sobre qualquer tentativa dos bolsonaristas em ver em andamento um pedido de cassação do ministro Alexandre de Moraes, com mais de 2 milhões de assinaturas, de iniciativa popular e mantém a proposta fora da possibilidade de ser votada, enquanto ele presidir o Senado. Reúne-se com o Presidente e garante que está ao seu lado. Dias depois, senta-se com o ministro Alexandre de Moraes, usando frases da esquerda e de ministros do STF, “em defesa da democracia”, como se ela estivesse sob risco, por culpa de Bolsonaro. As posições ambíguas do nascido rondoniense eventualmente extrapolam o que se chama em política de jogo de cintura, para se equilibrar entre todos os lados, sem brigar com nenhum deles, O problema é que, num momento em que a sociedade brasileira está rachada, com apenas dois lados, já há quem ache que Pacheco é uma espécie de Rolando Lero do parlamento. Dependendo do mestre a quem quer agradar, sabe tecer frases bonitas e elogiosas. Mas na hora de responder corretamente as perguntas, ou seja, na hora de falar pelos interesses maiores do país, pode acabar sendo um desastre.
PERGUNTINHA
Se você fosse Governador de Rondônia a partir de 5 de janeiro de 2023, quais seriam as três primeiras ações que você tomaria para melhorar a vida da população?